Hoje, voltando de ônibus da igreja, ao passar em frente ao Museu do Ipiranga, percebi que algumas pessoas dentro do ônibus procuravam, desesperadamente, suas máquinas digitais para tirar fotos do Monumento à Independencia e do próprio museu. Confesso que na hora não entendi o porque de tanto entusiasmo ao ver algo que eu vejo quase sempre. Mas aquele pessoal me chamou atenção, e comecei a ouvir mais atentamente suas conversas. Então entendi o porque daquilo: aparentemente, eram pessoas do interior de Minas Gerais, que vieram passar as férias em São Paulo. Foi por isso que, como uma criança que ganha um brinquedo novo, ficaram tão entusiasmados ao ver um monumento por onde milhares de paulistanos passam diariamente, e às vezes nem percebem que ele está ali. E isso foi o suficiente para me fazer pensar o dia inteiro.
Pensar em como, muitas vezes, não prestamos atenção nas coisas mais simples. Um exempo: peça para alguém que descreva uma maça, ou até mesmo que descreva um amigo. Provavelmente, a pessoa dirá que a maça é uma fruta vermelha e pequena, que tem uma forma mais ou menos redonda, e dirá que a pessoa é alta ou baixa, loira ou morena, gorda ou magra, etc. Poucos se lembrarão de dizer que a maçã é doce, tem a casca lisa e é relativamente dura, e poucos também dirão que o amigo tem um certo cheiro, ou a pele macia, ou tem a voz grossa ou fina. Isso porque, no nosso mundo, tudo o que importa é o visual, e muitas coisas importantes passam despercebido por causa disso. Talvez, muitas pessoas que passa pelo Monumento à Independencia todos os dias tenha, olhado pra ele uma ou duas vezes, e, por ter uma imagem dele formada em sua mente, se "desinteressaram". Calma... não estou dizendo para você cheirar ou ir sentir a textura do monumento, mas quero dizer que, muitas vezes, a nossa visão nos impede de "ver". Ver coisas que estão além do visual. Certamente, um cego se interessará muito mais por aquilo do que uma pessoa com uma visão normal. Por quê? Porque ele não pode ver, então estará, sempre, tentando formar uma imagem mental daquilo.
Pensando nisso, comecei a prestar atenção em que considerava extremamente normais. E realmente o são. Fechei meus olhos, e me conceitrei somente na respiração. O ar entrando e saindo por minhas narinas, e enchendo meus pulmões. Atentei, então, para os sons que ouvia, os carros, as vozes, as musicas... tudo formando uma musica que eu nunca tinha parado pra ouvir. Parei para sentir os cheiros, e percebi, só então, que a pessoa sentada ao meu lado estava muito bem perfumada. Só aí abri meus olhos, e percebi que via tudo diferente. Parecia tudo estar mais colorido. Percebi quantas coisas na minha vida deixava passar quando estava de olhos abertos, e descobri que, só quando fechei meus olhos, eu pude ver melhor. Tente isso. Eu recomendo.
sábado, 13 de dezembro de 2008
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Um comentário:
O principal ainda as pessoas vêem aquilo pode te descrever o Monumento à Independencia e num sabe porque ele está lá, ou qual é a sua história as vezes fechamos nossos olhos para a cultura, para a história, e entramos numa cegueira chamada ignorância!
Diego Barros (Barroso)
Abraços
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